Bom dia, pessoal! Como vão?
Semanas intensas nessa reta final de ano, né? E com muitos eventos relevantes!
Sexta passada não enviei este email, como de praxe, pois participei do 6˚ Encontros Doar - e saí de lá fervilhando. Vou escrever sobre na próxima pílula, mas hoje trago insights de outro encontro recente e muito relevante para o setor: a divulgação da 11ª edição do Censo GIFE (2022-23), a principal pesquisa sobre investimento social privado, no Brasil.
Diferente da pesquisa compartilhada na pílula passada (World Giving Index), que mostrou que o Brasil voltou aos patamares pré pandemia de doação entre pessoas físicas, caindo 71 posições no ranking mundial da solidariedade, o Censo GIFE mostra que a filantropia corporativa não regrediu tanto e os recursos investidos superaram expectativas, ficando acima do patamar pré pandêmico: R$4.8Bi vs R$3.6Bi em 2019
A pesquisa completa pode ser baixada neste link e traz, ainda, muitas outras informações importantes - e algumas preocupantes, ainda que não surpreendentes. Entre elas, o fato dos investimentos seguirem extremamente concentrados no Sudeste; darem pouca prioridade para o combate à crise climática; e ainda terem conselhos deliberativos não só muito distantes da equidade de gênero e raça, como regredindo em alguns quesitos:
No último censo (2020), 41% dos conselhos tinham alguma pessoa negra. Este ano, este número recuou para 32%
Atualmente, dos quase 900 conselheiros das organizações respondentes, apenas 63 (7%) são negros e 1 (uma!) pessoa é indígena.
De acordo com o relatório, neste ritmo, serão necessários cerca de 20 anos para que haja paridade entre homens e mulheres na composição dos conselhos deliberativos. E cerca de 60 anos (!!) para que todas as organizações tenham ao menos uma pessoa negra integrando tais conselhos.
Como destacou Giovanni Harvey, o enfrentamento à desigualdade etnico-racial ocorre no plano narrativo, mas não se traduz na prática. Que estes dados movimentem o setor para que o discurso sobre diversidade vire prática sobre inclusão (e ascensão!) de grupos minorizados!
Outras infos & curiosidades que acho importante destacar:
Sobre a pesquisa e perfil dos investidores:
Dados foram coletados entre março e maio deste ano, de 137 organizações (82% da base GIFE)
54% investe até R$10Mi/ano; 30% entre R$10Mi e R$50Mi; 15% + R$50Mi
46% das organizações são mantidas por empresas e 26% por Fundos Patrimoniais (que têm crescido)
55% têm perfil mais executor, 43% mas financiador, perfil que tem crescido. Essa é a menor diferença entre os dois grupos já registrada
81% das organizações têm algum tipo de alinhamento/ aproximação com políticas públicas (em 2020, eram 75%)
Sobre a destinação de recursos
Apenas 10% dos recursos mapeados são incentivados, embora a percepção de muitos seja que este número é bem maior
Educação segue sendo a causa com maior investimento do setor (42% de todo recurso), mas há tendência de queda;
64% doam para as OSCs; 26% para pesquisa e academia; 22% para negócios de impacto; 20% para movimentos/coletivos; 20% para intermediárias
44% do investimento é alocado em iniciativas próprias, 37% em iniciativas ou gestão de terceiros e 19% em despesas operacionais e adm (embora muitos investidores não aceitem ainda mais que 10% de overhead)
Querem mais?
Sobre a pesquisa, tem mais - e com destaques comentados, aqui: https://gife.org.br/especial-redegife-censo-gife-22-23/
E como o email foi atrasado, abaixo tem mais também: um bônus para começarmos a semana de forma mirabolante e inspiradora:
Com vcs, CR.IA, o influenciador digital feito por Inteligência Artificial e que ensina moradores da favela a usarem IA no melhor do "nanolearning" (micro vídeos explicativos no Instagram). Vale muito conhecer (e aprender!) com o ele >>> https://www.instagram.com/iafevela/
Ufa, por hj é isso. Depois me contam o que acharam?
Bjuuussss e linda semana por aí! PLIM
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